quinta-feira, 14 de julho de 2011

Clube da Luta: uma cena estabelecida e agora fora de foco

Falem o que quiserem, mas a cena musical de Florianópolis era bem mais feliz nos bons tempos das batalhas do Clube da Luta. Era bom, bonito e barato.
Pra muitos era a panelinha de algumas bandas. Só tocavam os amigos (mentira). E se fosse, qual o problema? Deu certo, movimentou, mostrou pra floripa a música feita aqui. Alguns conheceram de perto, outros de longe, mas todos ficaram sabendo de algum jeito. O Clube ajudou até bandas que não faziam parte da “panela”, pois era a música autoral de SC antes de mais nada.
Tinha gente que torcia contra, simplesmente por não fazer parte, e isso é um problema da nossa cidade. Alguns não gostam que outros se destaquem. São os mesmos que torcem para que floripa seja eternamente uma província.
Muitas bandas surgiram e outras se estabeleceram por conta do Clube da Luta. Maltines, Aerocirco, Da Caverna, SSC, Sociedade Soul, Tijuquera, entre outras, devem muito ao Clube e ao seu público. Foi nele que se fortaleceram, ganharam cancha de palco e mais maturidade, mesmo que o Clube fosse e continua sendo, um verdadeiro ensaio aberto, sem frescuras ou palhaçadas.
Lembro bem de shows da Aerocirco com meia dúzia de gatos pingados. Um ano depois, faltava espaço para tanta gente. Só tem um por que: música boa. O problema é que poucos conheciam. É aquela máxima que sempre defendi: estamos cheios de bons produtos, mas sem mercado, sem prateleira.
Posso estar enganado, mas o fim de algumas bandas, e as mudanças em outras, também está ligado ao fim prematuro do Clube da Luta. Alguns vão me perguntar: mas tu não disse que não acabou? Sim, não acabou, mas mudou muito. As bandas se preocuparam cada uma com sua vida e foram parar na UTI. Sozinhas não vão muito longe. Devemos nos preocupar com nossos trabalhos, mas também com de nossos amigos, porque só assim pra estabelecer uma conexão forte na música local. Se a banda amiga está bem, a tua também estará. Somar e não diminuir.
Não pense que algum produtor, dono de bar ou meio de comunicação irá se preocupar com o teu trabalho, com a tal de cena, eles estão preocupados com o retorno que isso dará, mas este é um outro papo.
Olha hoje, o que está acontecendo? Quantos shows com as bandas locais tem acontecido em Floripa?  Os jornais nem mais falam da música daqui, ou estou enganado?
O Clube funcionava como um velho boteco, que além da cerveja e cachaça, tu assistia um show de música autoral, batia um papo e discutia se necessário.  Estava lá, acontecendo! Era repetitivo? Sim, mas qual o problema? Repetitivo é tu ter que ficar em casa escutando cd sem conversar com ninguém.
Enfim, o papo é longo.

Abraço!

7 comentários:

  1. andré,
    há um equívoco, no meu entender, em pensar que o fim do clube da luta contribuiu para o fim de certas bandas ou para o recolhimento da "cena" autoral pop da capital. a questão é que em 2009 o clube da luta já não estava com tanta força quanto em 2007. nem tijuquera, samambaia ou aerocirco estavam com o mesmo pique. as bandas do clube estavam cheias de homens de 30, já cansados de encarar coisas que quando tinham 22 achavam divertidas... aconteceu um processo natural, de realinhamento de alguns. novas escolhas, novas possibilidades. grande parte das cenas regionais não são abraçadas pelo mainstream, foi o caso do clube. talvez, se tivesse sido cooptada, a "cena" teria mais combustível para seguir na empreitada... não aconteceu. sem essa energia extra, penso que foi mais inteligente encerrar as atividades antes da decadência plena.

    o clube da luta acabou na hora certa, do jeito certo. se continuasse, seria um zumbi.

    esta volta, alardeada, é mais uma "cartada marketeira" de uso de um nome que outra coisa, certo?!

    saber parar, mudar o rumo, é algo que homens de mais 30 deveriam aprender.

    no mais, hoje vejo perspectivas diferentes para a música local. mas quem irá construir estas novas possibilidades são aqueles que tem menos de 30...

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  2. Naquela foto lá de cima, estão também o Coletivo Operante, Andrey e a Baba, Ilha de Nós, Jeremias Sem Cão e Kratera. Estão fazendo falta.

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  3. tudo isso é vero!
    porém, se vc tem mais trinta ou menos de trinta... que diferença faz?
    o realinhamento e a busca de novas direções não tem idade!!

    acho que o Jean ta sentindo na pele a virada da década!
    que isso meu rapaz!?!

    força no som, sempre!!!

    Gustavo Barreto

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  4. Jean, quando começamos com o Clube, eu tinha 28 e vc 29. Grande parte dos clubistas tinham mais de trinta. Aliás, é nessa idade que estamos mais maduros pra fazer a coisa certa. Nunca é tarde!

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  5. As coisas vem e vão! Faz parte do ciclo!
    Já dizia Raul... "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante"

    Todos os pontos tocados no post e nos comentários são corretos! São, nada mais, que narração da história vista sobre pontos de vista diferentes!

    Minha visão de tudo isso é que o "fechamento" do clube está associado a exposição demasiada.
    Chegamos num ponto em que o público já havia decorado a sequência dos repertórios e os bordões de cada artista falava no palco.

    A Culpa??
    é nossa! não estávamos preparados pra cena que surgira. Não estávamos preparados pra inovar quando surgiu a demanda.

    Tornamo-nos figurinhas carimbadas!!

    Mas uma coisa é certa! A cena não morreu! Eu vejo q tem muita gente produzindo, outros na geladeira.Só não tem mais o mesmo ritmo, a mesma fluidez. Mas tudo está se moldando!

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  6. Vina, o texto serve pra isso também, para que mostrem o que está acontecendo hoje, onde? Quando? Quem?
    Notou como rola uma febre de tributos em floripa? Nunca teve tanto. Será que isso não é um reflexo por conta da baixa produção do autoral?
    Uma coisa é compor, gravar, outra é movimentar, mão na massa

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  7. Opa!!! Era o Vitor, agora sim o Vina!!
    Não vamos reclamar raça. Continua tudo muito bom, mas como sempre tem que correr atrás. Que juntos se chega mais longe ta mais que provado.
    Todo esse ciclo de altos e baixos é bom pra galera amadurecer e repensar o trabalho. O clube deu segurança e botou a raça na zona de conforto. Conquistou um espaço, publico e holofotes pra musica de Floripa. Não da é pra ficar reclamando e entrar no saudosismo, ta cheio de gente fazendo som legal na cidade. O problema continua sendo o mesmo de sempre, espaço. Antes não tinha nenhum, quando veio o Clube apareceu artista de tudo que é canto, até de São Pedro de Alcantara vinha banda (huahuhuahuahua)... E essa ânsia de mostrar o trampo autoral se manifestou em geral, o clube provou que era possível e que a cidade não tinha só o Daza. E melhor, nivelou a galera por cima, as bandas evoluiram muito! Tanto que a raça não se preza sair tocando em qualquer muquifo sem suporte técnico hoje.
    O problema é que a Célula é hoje ainda, um dos poucos espaços pra música autoral, abrindo agora também pra covers e eventos diversos por ser a melhor casa de shows da cidade na atualidade. Ta brabo conseguir agenda lá, a raça ta disputando a tapa. E sem tocar fica difícil mostar o trabalho. Fora dali só couves ou o underground (que eu acho muito digno!)que é o mesmo de antes do clube.
    A verdade é o seguinte, pra fazer som não tem idade, é só ter tesão. Eu não paro nunca mais, e como diz o Ledoux, "nesse ritmo vamo até os 70". Não to fazendo shows (propositalmente) mas to tocando pacaraio, produzindo com o Cardume Cultural e militando pela música sempre!!!
    Yeah!!!

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