quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Distorcendo o preconceito

Há um mês atrás fui no mercado comprar algumas coisas, eu e Bernardo, meu filho mais novo, de um ano e oito meses. Comprei o que precisava e como era no final da tarde, fui na padaria tomar um café.
Havia uma fila no caixa. Fui direto no balcão porque queria comer no local e estava com o Bernardo no colo. Na fila do caixa estavam algumas pessoas. Alguns iriam comer lá e outros comprariam para levar.  Uma moça muito simpática me atendeu. Eu perguntei se ela poderia me fornecer um café e alguns pães de queijo que depois eu pagaria. Ela disse que sim, sem problema.
Logo chegou um rapaz que ficou do meu lado. Notei que ele estava meio alterado. Acho que ele havia feito um pedido e estava demorando um pouco, o que é normal, algumas coisas demoram mais que outras.

Quando a menina me serviu o café, ele se alterou ainda mais, disse pra ela que ele estava na frente, que isso era uma incompetência, que estavam tirando onda com a cara dele, etc. Eu vendo aquilo, pedi pra ele ter mais calma e respeitar a moça. Daí ele soltou os cachorros, disse que estava na frente, que tinha o direito e ponto final. Eu volteia falar e disse: podes pegar o meu café, se for o caso, não tem problema, mas também disse que ele era uma tremendo idiota agindo daquele jeito.
Depois disso, ele começou a falar mais alto e mais alto, até que disse que eu e a menina estávamos agindo assim porque ele era gay, que isso era preconceito, blá, blá,blá! Quem chegava naquela hora e ouvia aquele tremendo babaca falando tamanha besteira, era capaz de acreditar, pois o que ele queria era se sair como vítima, usar sua opção sexual como um escudo por estar errado. Olha, nem eu e nem ela sabíamos que ele era gay e se era, qual o problema? É gay e não pode receber uma dura? Ele é doente? E a menina do balcão, que é negra, daí ele não está praticando um preconceito? E eu que estava com um bebê no colo, será que não é um preconceito contra o pai?
Acho que não é assim que vamos combater o preconceito. Alguns querem banalizar, como se tudo fosse proibido, como se tudo estivesse errado, usando disso para esconder determinadas posturas.
Tenho muitos amigos gays, lésbicas, negros, brancos, homens, mulheres e o respeito que tenho por eles é o mesmo que peço pra mim.
Não é deixando de cobrar do negro ou do índio ou de qualquer pessoa, que vamos praticar a justiça. A palavra é incluir! Incluir no amor, no dever, no trabalho, no respeito, na discussão, em tudo. Então sou gay e tu não pode brigar comigo?
Minha conclusão é que naquele dia tive o desprazer de conhecer uma PESSOA sem o menor respeito pelos outros, preocupado em usar sua opção sexual para fingir ser frágil e com isso obter privilégios. É a corrupção da mente.
Não importa se ele é gay, homem ou mulher, respeito é respeito, sem privilégios.

Um comentário:

  1. Estão forçando muito a barra e que isso atrapalha. Tudo é preconceito e muitos se aproveitam disso. Culpa da TV.

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