sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Phunky Buddha - um disco pra impor respeito

Uma banda que marcou a história da música autoral nos anos 90 foi a Phunky Buddha, que fui e continuo fã.

Esses dias, vasculhando os discos lá em casa, achei um da Phunky Buddha, aquele que provavelmente você não conhece (esse da foto), foi pouco divulgado, lançado (na verdade relançado) no dia 17 de setembro de 2000, no antigo Café Cancun.
Eu não lembro se naquele ano fizeram alguma lista dos melhores cd’s do ano, com absoluta certeza estaria no topo.

O disco produzido por Gustavo Barreto, Ulysses Dutra, Jorge Gómes e Alexandre Gonçalves, é caseiro e certeiro: é uma pancada nos ouvidos. Diferente de tudo que existia por aqui.
 Naquela época sonhávamos em produzir um cd “aveludado”, em um grande estúdio, com timbres modernos e com som nítido. Phunky Buddha soou diferente, sujo, berrado, distorcido, mas muito bem arranjado. Até erros de edição é possível encontrar, mas você nem nota, a música de envolve. James Brown, Chico Science, The Meters, Nirvana, Red Hot, também possuem cds com erros e dizer o que? São ruins?
Escutando o disco dá pra perceber que os meninos (na época) não tinham a pretensão de gravar um cd pop (até pode ser), produziram um cd como gostariam que fosse. Mesmo com as divergências pessoais, o que é normal, o cd da Phunky Buddha saiu com a cara do show da Phunky Buddha, e isso sim é difícil.
O Alexandre com aquele bumbo maluco, duzentas figuras por compasso, e a voz grave. O Jorge com o music man estralado e o slap soltando pelas caixas de som. Ulysses e seus solos pancadões, e o Barreto, que além de segurar o groove da guita, puxava o motor com a voz rasgada. Como ele é bom nisso.
Letras engraçadas e arranjos mirabolantes deram o norte pro disco. Águas Claras, Seja Livre, Lucinda, Hyerofante, Aphrodiziadzein, Deus e o Diabo, Abirubê, Tapete Mágico, Tamanduá, Belzebu, Folha no Vento, Mamangava e Lunático, fizeram parte da trilha sonora da geração Café Matisse e Casa da Lagoa. Que época boa! Sem falar de Movimento, Cochabamba e Fogo e Sangue, que entrariam num próximo...
Tenho quase certeza que os músicos do disco não devem gostar muito do cd, é sempre assim, hoje gostariam de fazer diferente, mas não ficaria tão bom em sua essência.
Eu sempre me pergunto por que a Phunky Buddha não deu certo? Era uma ótima banda, com músicos excelentes, músicas boas. Dez pessoas assistiam ao show da banda e onze falavam bem. Por que não deu certo? Será que algum dia alguém vai conseguir viver de música autoral em Florianópolis? Infelizmente, eu não acredito mais no autoral como um único sustento, mas que os novos continuem acreditando, o que eu não posso é continuar acreditando numa ilusão.

p.s. quando falo que não deu certo, me refiro à auto-sustentação de uma banda com música autoral. Da venda de seu produto. O Phunky Buddha deu certo pra mim e pra muitos. Deu certo como arte!

2 comentários:

  1. O dazaranha vive, também acho, mas é a única e olha que poderia ser bem melhor pra eles. Nosso mercado é uma merda.

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